domingo, 16 de maio de 2010

Machida x Shogun – Round 3?


O mundo parou para acompanhar a revanche entre Lyoto Machida e Maurício “Shogun” no sábado passado, 8 de maio, em Bell Centre, no Canadá. E, na verdade, parou por pouco tempo, já que Shogun precisou de apenas 3min35s para nocautear o campeão dos meio médios. Com um bom jogo de boxe e uma agressividade típica, Maurício conseguiu encerrar o combate ao acertar um belo soco na têmpora de Lyoto, que foi para o chão na hora. A partir daí, foi só cair por cima e passar o script.

Apesar da descrição traumática, da velocidade com que a luta terminou e dos comentários espalhados pela mídia, o praticante de Muay Thai não foi assim tão superior. Aliás, sinceramente, nenhum dos dois chegou a mostrar muita coisa, uma vez que a luta terminou antes de efetivamente ter esquentado. O gongo soou e os lutadores começaram a analisar a estratégia adversária. Então soltaram alguns golpes de reconhecimento e foram para a trocação franca poucas vezes. Parecia que o primeiro round seria apenas uma preparação.
No entanto, eis que um pombo sem asa aterrissa bem na têmpora de Lyoto, e a luta mais aguardada do ano termina assim, num piscar de olhos. Méritos de Shogun? Desatenção de Lyoto? Ossos do ofício? Bem, eu marcaria todas as alternativas acima. E completaria dizendo que a luta merece uma melhor de três. Sabe quando você começa a assistir aquele filme e quando as coisas começam a ficar boas a luz acaba? Pois é, foi mais ou menos a mesma sensação quando a luta acabou.

De qualquer forma, não se pode, de jeito nenhum, tirar o mérito de Shogun. Ele treinou forte, entrou concentrado, foi pra cima, acertou um baita golpe e venceu por nocaute. Já Lyoto, entrou um pouco apático e meio receoso. Talvez como parte da estratégia, talvez não. De repente ele ainda estava abalado por causa do primeiro combate entre os dois, de repente não. Os motivos reais que fizeram dessa luta algo, digamos, estranho, não serão totalmente descobertos agora.

Para acabar com essa dúvida, gostaria muito de assistir a uma terceira luta entre os dois. A prova final. Ou, como diríamos na infância, a nega. Lyoto merece mais uma chance por tudo o que fez. Ele mudou o MMA ao introduzir um estilo lúdico e eficaz nos combates e isso representou muito para o esporte. Principalmente por mostrar que MMA não é rinha de galo, e que técnica refinada funciona, sim. Shogun, embora campeão, também merece a chance de, uma vez por todas, provar sua superioridade. É claro que pudemos ver esse domínio na primeira luta, mas nessa última, o que ficou mesmo foi um pensamento de “ah, essa foi por sorte”. Mas luta é assim mesmo, um golpe bem colocado leva à lona qualquer um. Por outro lado, ver um lutador sendo campeão numa luta brigada, suada e difícil... ah, é isso que nos torna fãs do esporte.

domingo, 25 de abril de 2010

José Aldo Júnior – The Future

Pouca gente sabe, mas um brasileiro, amazonense, de apenas 23 anos é ídolo do MMA americano, e está prestes a entrar para a elite do esporte. José Aldo Júnior, campeão dos pesos penas do WEC - World Extreme Cagefighting, mostrou porque está invicto há cinco anos ao vencer na noite de sábado (24), nos EUA, de modo espetacular, o ex-campeão da categoria e garoto propaganda do evento, Urijah Faber - “The California Kid”.

Visivelmente superior durante toda a luta, Aldo acabou ganhando o respeito da torcida adversária, que, a princípio, era toda do americano. Um boxe refinado, ótimos chutes baixos (que deixaram o adversário mancando logo nos primeiros rounds), e movimentação e esquivas perfeitas, além de uma boa base de chão nas poucas vezes em que precisou utilizar o jiu-jitsu, foram mais do que suficientes para vencer, por pontos, o popular Faber, e, de quebra, ganhar a torcida californiana. Com muita concentração e um jogo sólido, bem planejado e eficiente, o brasileiro conseguiu neutralizar, quase que totalmente, as investidas do oponente.

A vitória de Aldo fica ainda mais saborosa devido à garra e determinação apresentadas por Faber. A agressividade do americano deu ao combate um grau de emoção muito interessante, nem sempre visto numa luta longa de cinco rounds. Apesar de ter se mostrado um pouco fora de ritmo, o garoto da Califórnia procurou o combate durante todo o tempo, e continuou avançando e golpeando mesmo quando sua perna esquerda mal podia ser apoiada no chão. Essa foi, sem dúvida, uma das lutas mais agressivas de 2010.

Depois desse belo combate, é fácil prever que as portas do MMA estarão sempre abertas para esses dois lutadores. Faber ficou com os aplausos dos amantes do esporte, por sua entrega e profissionalismo, e a certeza de novas e emocionantes lutas. Além, é claro, de muito gelo na perna. Aldo, além do cinturão, ficou com a glória de ter alcançado o topo do WEC.

Mais que uma vibrante defesa de cinturão, o evento de sábado pode ter significado a entrada de mais um brasileiro na elite do UFC. Como a diretoria do Ultimate estuda a integração dos peses leves dos dois eventos, nada impede que a próxima peleja de Aldo seja, justamente, para brigar pelo título de campeão do maior evento de MMA do mundo.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

A queda do vencedor


No último sábado, 10 de abril, o mundo da luta acompanhou o legendário UFC 112, realizado no mais rico dos sete emirados árabes, Abu Dhabi.

Mais uma vez, o assunto da noite foi a péssima atuação do campeão mundial dos médios, Anderson Silva, que, sem demonstrar o menor respeito pelo adversário, o também brasileiro Demian Maia, e pelo público, brincou e dançou durante os cinco rounds do combate.

O que se pode dizer, depois de tanta auto-humilhação, é que aquilo não foi uma apresentação de MMA, mas um apelo para ser contratado por um circo. Para quem não assistiu à luta, vale a pena ver na internet a triste decadência de um mito, que conseguiu ir de herói a palhaço em apenas 25 minutos.

Ainda assim, sempre tem aqueles que defendem a atitude de Anderson, dizendo que isso é apenas uma estratégia de campeão, parecida com aquela utilizada por Muhammad Ali. O que posso dizer sobre essa triste justificativa é que Ali também extrapolava os limites da arrogância e, às vezes, agia como se fosse o dono do mundo durante as chamadas de suas lutas. Contudo, dentro do ringue, sua atitude era outra. Aliás, ninguém descreve melhor o que o ex-campeão de boxe fazia nas lutas do que o próprio Ali: “Me movimento como uma borboleta e pico como uma abelha”.

Voltando ao UFC. Em entrevista logo após o evento, o presidente da franquia, Dana White, afirmou que estava super desapontado com o brasileiro e que Anderson não o interessava. Acredito que esse seja o pensamento de todos que assistiram ou compareceram à luta. Quem pagou ingresso queria ver o desempenho de um guerreiro, mas acabou presenciando a apresentação de um bobo da corte.

De modo geral, podemos dizer que Anderson matou suas chances de ser lembrado pela História como o maior de todos os tempos. Por outro lado, o mundo passou a dar mais valor ao pentacampeão mundial de jiu jitsu Demien Maia, que, embora não tenha feito uma grande luta, acertou bons golpes no campeão. Com o psicológico abalado na mesma proporção que sua carreira, penso que será muito difícil para Silva continuar como campeão mundial dos médios. A menos, é claro, que uma completa mudança de postura e atitude seja diagnosticada em sua personalidade.